As vezes precisamos de um pequeno empurrão da vida.
Quanto tempo (anos, posso dizer) que não pego em um lápis, já não me lembrava como era o barulho do lápis rabiscando, sem intervalos.
Pois hoje é isso, eu, meu lápis, uma velha agenda e a saudade.
É claro, eu poderia estar digitando, mas a nostalgia bateu forte, e sem avisar.
Parei por um momento e comecei a rever fotos, fotos que eu nem lembrava mais. A cada foto passada um aperto maior, uma saudade diferente. Amigos, namoradas, animais, esquecidos com o tempo. Como simplesmente deixar pessoas que tanto significaram, para trás? A vida segue, muda e o fluxo de pessoas é intenso. Mas logo elas?
Pegue o celular, ligue para elas, penso eu. Diga como você sente falta.
Não. Quão digno isso seria?
A verdade é que junto da saudade, vem a vergonha. Como pude deixa-los e deixar ser deixado?
Junto da velha agenda que agora escrevo, oito cartas. Quatro pessoas diferentes. Cartas que guardo até hoje por muito significarem, mas que há muito não lembrava. O aperto. Elas te amavam, babaca.
Um leve tapa nas costas. É o mundo.
A vida é assim, pare de choramingar e siga em frente, como você sempre fez.
Um papel cai da agenda.
Olhe, não é aquela carta que você recebeu junto daquela camisa?
Cretino, estou tentando seguir em frente, como você mesmo disse.
É verdade, me desculpe. A internet voltou.